Corregedor Ricardo Gentil é homenageado com Colar do Mérito do TCE-PI
Publicado por: Vanessa Mendonça
O corregedor-geral da Justiça, desembargador Ricardo Gentil, foi homenageado, nesta segunda-feira (27), com a Medalha Colar do Mérito do Tribunal de Contas do Estado do Piauí (TCE-PI). A comenda foi entregue a autoridades e personalidades com serviços prestados ao controle externo e à administração pública em alusão ao aniversário de 119 anos da Corte de Contas piauiense. Em nome dos demais homenageados, o corregedor discursou falando sobre a importância da integridade (confira ao final da matéria).
“Esta é uma homenagem muito tocante. O Tribunal de Justiça e o Tribunal de Contas são parceiros nessa fundamental integração, nessa atuação em rede, focada na troca de informações e ações conjuntas contra os crimes relacionados à corrupção e à improbidade administrativa”, afirmou o corregedor, que também parabenizou os conselheiros que integram o Pleno do TCE-PI e os servidores do Tribunal pelos 119 anos da instituição.
O presidente do TCE-PI, conselheiro Olavo Rebelo, explicou que a Medalha Colar do Mérito é destinada “a personalidades de alto conceito por sua luta em suas respectivas áreas”. “É uma forma de agradecermos a essas pessoas por tudo que fazem também pelo Tribunal de Contas, pelo Estado e pelo Brasil”, declarou o conselheiro.
Na sessão solene pelos 119 anos do TCE-PI foram condecorados ainda: Pereira de Sá a auditora de Controle Externo Ângela Vilarinho da Rocha Silva, o professor Bernardo Filho, o professor Carlos Evandro Martins Eulálio, o advogado Celso Barros Coelho, conselheiro Edilberto Carlos Pontes Filho, do Tribunal de Contas do Ceará (TCE-CE); o jornalista e radialista Domingos Bezerra Filho, a superintendente da Controladoria-Geral da República no Piauí, Erika Lemância Santos Lôbo; os empresários Jesus Elias Tajra e Jorge Batista da Silva Filho, a promotora de Justiça Karla Daniela Furtado Maia Carvalho, a artista plástica Maria Nazareth Maia Rufino Mcfarren, o auditor fiscal Philippe Salha e a professora Tatiana Martins Camarão.
TCE-PI
Criado e instalado em 28 de agosto de 1893, no Governo de Coriolano de Carvalho e Silva, o TCE-PI é o mais antigo dos Tribunais de Contas dos estados brasileiros. Foi extinto na Revolução de 1930 e recriado por força do decreto-lei nº 1.200, de 24 de maio de 1946, após o fim da Ditadura do Estado Novo, no 1º Governo de Getúlio Vargas.
Confira o discurso do corregedor na íntegra:
Senhoras e senhores,
Antes de tudo agradeço o generoso convite para falar também em nome das pessoas que recebem comigo hoje esta honraria.
Serei breve.
Nesta solenidade, peço permissão para promover uma pequena reflexão sobre a integridade.
O que é esse princípio tão importante e necessário?
A integridade significa fazer o que você diz que irá fazer; é cumprir as promessas que faz a si mesmo.
Define-se integridade da seguinte maneira: “terei coragem moral para tornar minhas ações compatíveis com o conhecimento do certo e do errado”.
A integridade pessoal implica honestidade e incorruptibilidade tais, que somos incapazes de desmerecer a confiança em nós depositada.
Para mim, integridade significa fazer sempre o que é certo e bom, a despeito das consequências imediatas. Significa ser justo e digno desde as profundezas de nosso âmago, não só nas ações, mas, e o que é mais importante, nos pensamentos e no coração.
Nós todos temos a capacidade de integridade. É até fácil identificar uma pessoa íntegra. Ela é honesta. Faz a coisa certa quando ninguém está olhando. Mantém sua palavra e guarda sigilo sobre nossas confidências. Repara seus próprios erros. Aceita a responsabilidade por seus atos.
Como Jó, nas escrituras, precisamos dizer: “até que eu expire, nunca apartarei de mim a minha sinceridade.” (Jó 27:5.) Embora tendo perdido tudo o que possuía de valor, a família, amigos, saúde e bens — Jó se recusou a deixar de lado a integridade.
Num contraste gritante, hoje em dia muitos trocam a integridade por uma pequena etiqueta com preço. Troca-se a preciosa integridade por qualquer vantagem aparente e temporária. A integridade é tão preciosa que não tem preço; ela é inestimável.
“A verdadeira grandeza de uma pessoa não é medida por aquilo que ela diz ser, nem por aquilo que as pessoas dizem dela; (mas, na verdade) por aquilo que ela realmente é”. E é a integridade que determina quem realmente somos.
O mundo precisa desesperadamente de homens e mulheres íntegros. Quase todos os dias ouvimos falar de fraudes, aplicação indevida de fundos, notícias e publicidades falsas ou outros negócios, com o propósito de obter ganho através de logros ou trapaças.
Assistimos, incrédulos, ao desprestígio, em escala crescente, dos valores que devem nos animar e nos dão vida digna, dentre os quais destaco a integridade tão esquecida.
A corrupção endêmica tornou-se a principal instituição do país. Consiste agora na medalha de honra para a elite dominante e a aspiração para aqueles que buscam uma vida melhor. No entanto, eu acredito sincera e profundamente que é possível mudar a mentalidade da sociedade e que é possível revelar ou transformar a corrupção naquilo que ela realmente é – um crime contra a sociedade, contra a humanidade, contra a integridade, e que por isso deve ser tratada como tal.
Integridade é uma virtude desafiadora, difícil de ser praticada num mundo repleto de valores equivocados, onde a importância do ter é maior e mais sedutora do que a importância do ser. Na prática, integridade se consolida somente quando os seus valores estão em consonância com a sua conduta.
O ser humano integral não oscila de acordo com o momento presente ou de acordo com a sua conveniência, desrespeitando regras e princípios que valem para toda a sociedade. Urge sepultarmos a famosa “Lei de Gérson”. Prejudicar alguém – pessoa física ou jurídica – por um motivo tolo e incoerente, em benefício exclusivo de si próprio, custa caro para a consciência e para a sociedade.
Penso que é muito simples ser íntegro. Será que você precisa se sujeitar a todas as transgressões impostas pela nossa combalida sociedade de consumo somente para ficar rico mais depressa e fazer parte da elite em menos tempo?
No século passado, Rui Barbosa já dizia que de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantar-se o poder nas mãos dos maus, o homem chega a rir-se da honra. Desanimar-se de justiça e ter vergonha de ser honesto.
Eu acrescento: de ser íntegro.
As recompensas da integridade são imensuráveis. Uma delas é a indescritível serenidade e paz interior que recebemos quando sabemos que estamos fazendo o que é certo; outra é a ausência de culpa e ansiedade que acompanha o errado.
Bem, não quero fazer o discurso do puritano da integridade, nem quero ser o defensor de uma integridade meramente decorativa ou utópica. Sei que não basta apenas ser íntegro, e que a integridade é uma virtude-relíquia. Mas estou convencido de que desprovidos de integridade, nem os tribunais de contas serão suficientemente capazes de vencer as situações de corrupção endêmica, embora seu prestígio pela integridade já nos deixe impregnados de esperança.
Muito obrigado!