Terapia de vida: Assistente Social escritora usa talento para melhorar seu trabalho

Publicado por: admin

 
 

O sorrido fácil no rosto o identifica que as origens desta cearense arretada e honrando seu povo, não exime nem um pouco em revelar as características peculiares dos cearenses. O sotaque ainda presente, completa o perfil de Daliane Fontenele, Assistente Social que atua na 1ª Vara da Infância e Juventude desde 2000 e que resolveu mostrar um pouco mais de sua vida. Então, que se abram as cortinas…

Antes, porém, do Projeto Talentos do TJ-PI mostrar seu segundo personagem (VEJA AQUI A HISTÓRIA DO SECRETÁRIO DE T.I. Assis Campos), por uma questão de ordem, faz se necessário identificar esta servidora, que aos 36 anos acumula experiência e bom humor a serviço do jurisdicionado. Características que para ela, são fundamentais na prestação jurisdicional.

Eu fui aprovada no concurso de 2010 e fui nomeada em agosto de 2011. Desde então, sempre fui aqui do núcleo multidisciplinar do Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a mulher, de Teresina, Junta com outros profissionais, como Assistentes Sociais e Psicólogos, assessoramos os juízes quanto aos processos da Lei Maria da Penha. Gosto muito desta área, o que torna meu trabalho mais prazeroso”, comentou Daliane Fontenele.

DALIANE ESCRITORA
Daliane, como boa cearense tem uma conversa fácil, leve. Ao contar sobre como iniciou os escritos, ela explica que a natureza deu uma forcinha, “Sou cearense, Nasci em uma serra muito bonita, sem esconder a modéstia, Um ambiente muito propício ao bucolismo, de natureza, de proximidade com as pessoas. Isso inspira. Na minha cidade todo mundo se conhece, é parente de alguém. Mas minha inspiração maior foi meu pai, seu Pedro Otávio, que gosta de escrever versos, prosas, poesias e gostava de recitar. Sempre que tinha atividade na escola que era para levarmos algum talento da família lá estava eu com meu pai. Assim fui pegando gosto e começando a escrever”, diz.

E tudo iniciou aos 13 anos, época em que seu pai trabalhava em uma instituição pública e Daliane começou a escrever em livros de ata. O primeiro texto data de 1993 e foi bem infantil. Com o passar do tempo, ela teve várias experiências.

“Alguns textos eu tentava musicar. Cheguei a compor, cantei alguns deles em rádios da cidade, mas no geral, meus textos falam de ’sofrência’, de relacionamentos. De dores, encontros e desencontros e até paixão. Eles revelam muito de mim, são bem personificados. Algumas pessoas se identificam com eles, sobretudo, as mulheres”, evidencia Daliane Fontenele.

Algo que é bem comum também para nossa personagem é a produção de livros de homenagens em que os familiares mandam pequenos textos sobre uma determinada pessoa e Daliane faz a montagem. O último neste segmento foi o livro que homenageou os 60 anos de seu pai, ano passado.

ESTILO EM ANÁLISE
Se a identificação de seu estilo ainda requer análise, a certeza de que escrever seria um de seus hobbies por toda a vida veio bem cedo. “Não sigo um estilo, escrevo de acordo com o que gosto. Vem a vontade e escrevo, não me programo para escrever. Talvez um especialista pudesse avaliar meus textos e identificar alguma característica específica, um estilo literário”, afirma Daliane, em meio aos sorrisos.

HABEAS CORPUS
A urgência não era de um Habeas Corpus para ser impetrado, mas para uma escritora, o tempo da inspiração também urge e não pode esperar. E assim, Daliane Fontenele revela que já iniciou texto até em um papel higiênico. 
A relação é feita pelo fato de que, por garantir um Direito Fundamental expresso na Constituição federal, qual seja, a liberdade, os Habeas Corpus, por necessitarem de urgência máxima, podem ser escritos até em papel higiênico.

Escrevo sobre relacionamentos, sobre o que sinto, sobre as inquietações, sobre a família. Eu vou rabiscando em qualquer lugar, até em papel higiênico, ai depois digito. Escrevo por Hobby. É terapêutico, escrevo para me entender melhor”.

TOM MAIS CRÍTICO
Quando iniciou os escritos aos 13 anos o conteúdo era bem espontâneo e motivado pelo que a cercava. Após sua formação, Daliane destaca que seus textos passaram a ser mais críticos, por ter agora outra visão de mu
ndo. A profissional também se sentia bem externando as inquietações que a sociedade lhe impunha.

Após minha formação os textos mudaram, os questionamentos passaram a ser outros. Passei a acompanhar um pouco Lya Luft e Marta Medeiros e procurava escrevo algo na mesma linha, guardadas as proporções, claro. Neste processo cheguei a escrever crônicas também. Mas não gosto de me sentir presa. Gosto de escrever como terapia e escrevo para me entender melhor”, pontua a Assistente Social.

’SOU’
Daliane mostrou também que é boa não somente com a caneta, mas com a voz e recitou um de seus poemas preferidos. “Sou” foi escrito quando ela tinha 16 anos e revela uma adolescente cheia de certezas.

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EXCLUSIVO
E para homenagear o projeto Talentos do TJ-PI, Daliane Fontenele escreveu um texto exclusivo, o primeiro de 2017. 
“Sou Servidora” mostra um pouco do que é ser servidor no Poder Judiciário Estadual, suas responsabilidades, mas acima de tudo, que cada um tem uma vida própria fora do trabalho, que enfrenta entre outros desafios, sendo um dos mais essenciais, a busca pela felicidade e a busca por fazer valer a pena cada dia.

 

Leia…

 SOU SERVIDORA

Sou servidora. Mas antes de servir a uma instituição pública, sirvo aos ditames de mim mesma. Sirvo ao que creio, aos meus ideais e porque não dizer aos meus sonhos de ser alguém melhor em um mundo melhor. Não posso ser só um corpo que se desloca de casa para o trabalho cinco dias na semana. Não posso ser só uma mente que não para de pensar e produzir o que me é ordenado. Isso não me faria alguém melhor nem me ajudaria a melhorar o mundo. Só me faria vegetar ao invés de viver. E a vida é muito curta para só sobrevivermos. A vida é gratidão. Gratidão por sermos quem somos, termos o que temos e, principalmente, termos quem temos em nossas vidas. E por que não dizer gratidão por termos conseguido alcançar uma vaga em uma instituição que é o “sonho de consumo” de muita gente? Ela tem defeitos?! Claro que tem! Muitos! Mas qual não os têm? Por conta disso vou viver reclamando e trabalhando nela de forma robotizada? Isso é uma decisão pessoal. Faça a sua decisão que eu faço a minha. Eu decido por tentar. Eu decido por acreditar. E quem sabe um dia eu até decida por mudar: mudar de setor, de cidade, de emprego, de vida. Mas, enquanto não, eu decido ficar e fazer valer. Ou pelo menos tentar fazer valer. Espero também recíproca. Reciprocidade e respeito entre quem mandar servir e quem serve são a alma de qualquer negócio.

Daliane Fontenele de Souza
Escrito em: 15/02/2017

 

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Fonte: Ascom TJ-PI

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