Núcleo do Juizado Maria da Penha realiza pesquisa sobre ameaças de suicídio entre autores de violência doméstica

Publicado por: Guilherme Torres

 
 

Pesquisa do Núcleo Multidisciplinar do Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher da Comarca de Teresina (5ª Vara Criminal – Vara Maria da Penha) aponta que, dos 633 processos remetidos entre janeiro de 2019 e agosto de 2022 ao Núcleo, com a determinação de serem realizados estudos psicossociais, apenas 199 contêm questionários de avaliação de risco, seja da Secretaria de Segurança Pública do Piauí ou do Conselho Nacional de Justiça.

“Analisamos os 633 processos buscando saber a quantidade de processos em que constam o Questionário de Avaliação de Risco do Departamento Estadual de Proteção à Mulher da Delegacia Geral da Polícia Civil – Secretaria de Segurança Pública do Estado do Piauí, ou o Formulário Nacional de Avaliação de Risco Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, do Conselho Nacional de Justiça. Avaliamos ainda as respostas a alguns itens desses questionários, especialmente o item que questiona se o autor da violência doméstica e familiar contra a mulher já tentou ou ameaçou suicidar-se”, explica Daliane Fontenele de Souza, assistente social do Núcleo Multidisciplinar do Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher da Comarca de Teresina.

Dados da Organização Mundial de Saúde (2019) apontam que 76% dos suicídios no Brasil são cometidos por homens. De acordo com a assistente social, nos 199 processos em que foi constatada a existência dos formulários pesquisados, verificou-se que 36 autores de violência doméstica e familiar, em sua grande totalidade homens, teriam tentado ou ameaçado cometer suicídio.

“A pesquisa possibilita a reflexão sobre como a tentativa de suicídio, ou a ameaça de que irá se suicidar, muitas vezes é utilizada como uma estratégia de manter a mulher em um relacionamento violento. Há também que considerar o cometimento de suicídio por autores de violência doméstica e familiar contra mulher, sendo alguns destes cometimentos logo após a prática de feminicídio. Os dados obtidos nos levam a refletir não somente acerca da saúde mental desses homens, mas também sobre modos de preservação de sua própria vida e da vida das pessoas com quem eles se relacionam”, completa Daliane Fontenele de Souza.

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